sábado, 15 de dezembro de 2012

Uma porta silenciosa


 
É uma porta velha, com um estilo fora desta época, démodée, carcomida pelo tempo. Os buracos dos bichos que abriram crateras e corredores no seu corpo estão tapados com várias camadas de tinta de cor indefinida que se foram sobrepondo. Lembra os palhaços que se mascaram para entrar em palco tapando as rugas da tristeza com as cores vivas da grossa maquilhagem. Foi bonita na sua juventude com uns olhos grandes rendilhados.
Hoje, olhamo-la com tristeza. Puseram-lhe corrente e cadeado, única maneira de continuar a guardar a sua casa onde se viveram alegrias e tristezas, onde se nasceu e morreu, risos de crianças se fizeram ouvir, choros e dores se sentiram. Houve um tempo de vivência que a casa guarda a sete chaves protegida pela porta acorrentada. Quem conhece exactamente todos os mistérios ali guardados? Quais os tesouros escondidos que só as suas paredes sabem?

A porta acorrentada, decrépita, impede a passagem para um mundo de fantasmas que guarda como uma caixa de pandora e cujos segredos nunca serão revelados porque as paredes têm ouvidos mas não falam.
 
foto e texto de Benó

 

 

sábado, 8 de dezembro de 2012

As minhas leituras




                                                                           foto Benó


Lembrança minha do jardim de casa:
vida benigna das plantas,
vida afável e misteriosa
lisonjeada pelos homens.

A palmeira mais alta daquele céu
como um cortiço de pardais;
vide firmamental da uva negra,
dias de verão dormiam à tua sombra.

........

Jardim, encurtarei a oração
para continuar sempre a lembrar-me:
a vontade ou o acaso de dar sombra
foram as tuas árvores.


Estas são as duas primeiras e a última quadra do poema "Ao correr das lembranças" de Jorge Luis Borges, poeta, contista e professor de literatura nascido em Buenos Aires em 1899 e falecido em Genebra em Junho de 1986.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O candeeiro


 

O candeeiro da rua, simples, vulgar, de cor azul dá uma luz amarela que adoça
a escuridão das nuvens prontas a se abrirem e descarregarem a água acumulada durante o dia, enquanto a rosa vermelha espreita por cima do muro, a noite que vai chegando de mansinho.    


foto e texto de Benó   

domingo, 25 de novembro de 2012

Palavras







foto e texto de Benó




Hoje,  assinala-se o Dia Internacional para a eliminação da Violência Doméstica e, porque as palavras podem matar, magoar, desfazer ideais e, psicologicamente, derrubar tanto homens como mulheres, volto a publicar um texto que escrevi e que postei na minha página do FB.


As palavras são bichos alados em movimento.
Nascem soltas, livres, crescem, agitam-se, unem-se.

Sofrem metamorfoses.
Anjos ou demónios serão amor, paixão, sonho, ilusão.
Ferem, matam.
Não há nada que as impeça de ser grito, desabafo.
Revolta ou conformismo.

Escritas ou gritadas as palavras serão sempre LIBERDADE.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Gaivotas em terra

 








Vaidosas, indiferentes às gentes que por ali deambulam num êxtase marino, as gaivotas posam elegantemente e deixam-se fotografar em perfeito equilíbrio, com posições estudadas de modelo


                                                                                                                                                                                 
                                                                                                                          Fotos e texto de Benó

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Entre a luz e a escuridão







Gosto de, ao fim do dia, entre a luz e a escuridão, quando tudo é pardo, sem cor, quando não sei se diga boa noite ou se diga boa tarde, quando os gatos vão para os telhados e as galinhas se recolhem, descer à praia e, contigo, molhar os pés.
Num arrepio, entro e saio, puxo-te para mim, abraço-te, beijas-me e eu aqueço.


Gosto de sentir o mar nesta hora.

Gosto de te sentir junto a mim em qualquer hora.


foto e texto de Benó

terça-feira, 6 de novembro de 2012

2013





Para as minhas tarefas de jardinagem recorro com alguma frequência àquele pequenino e velho almanaque “Borda d’água”..


Hoje, enquanto na esplanada habitual tomava o meu café, apareceu um rapazinho a vender este livrinho para o próximo ano de 2013.

Compra feita, fui ler o Juízo do ano que vem sempre na contra capa.

E então o que vem lá que me deu que pensar?


- Para aqueles que estão perto do mar (que é o meu caso) um alerta, pois as tempestades e os naufrágios serão uma constante levando assim a muitos e devastadores infortúnios.(Não chega já os que temos em terra).


- Nas pessoas é previsível um aumento de doenças e mortes (ATENÇÃO) sobretudo no sexo feminino. Seremos surpreendidos por mortes repentinas de pessoas com bastante influência e notoriedade na vida politica do país. (Quem será que vai?)







Se alguém está a pensar ter filhos neste ano de 2013, acautele-se pois lá vem também a informação de que “os nascidos sob o domínio de Marte, planeta que irá dominar este ano, serão inimigos da paz e cheios de ira, vivendo sem piedade, mentindo e enganando….serão crianças difíceis de educar. Segue-se a descrição de características físicas que não vou citar. As profissões para estes “marcianos” serão a carreira das armas e da guerra e as medicinas.



Os apartes entre parêntesis são meus, claro.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Alegria e dor







Na vivência diária, bebe-se a vida em golfadas contínuas numa mistura agridoce, de alegria e dor, sem tempo para degustar a beleza de cada instante nas coisas mais simples que nos cercam.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

No Cabo de S.Vicente






Chega gente de todas as idades, de todos os sexos, uns mais vestidos e já prevenidos para o vento no cabo, outros mais despidos que depois se embrulham como rebuçados nas suas toalhas de praia ou nos casacos de malha grossa que, apressadamente, vão comprar aos tendeiros que por ali abundam com as suas bancas bem decoradas com os mais diversos abafos desde capas, cachecóis, camisolas, luvas, meias e tudo o que seja para proteger do vento gélido que, normalmente, se passeia agressivamente por aquelas paragens.


Vêm admirar o espetáculo da natureza.


Ciumento, o farol vê, despeitado, as gentes assistirem ao mergulho do sol no oceano de águas frias, ao recolher da sua luz envolta nas transparências das nuvens.


Findo o espetáculo há a retirada alegre de quem encheu os olhos e a alma ante a beleza natural dum ocaso.

Então o farol, imediatamente, se acende e todos os seus cristais brilham nuns feixes de luz intensa mas,
ninguém repara. Só eu, que o conheço por dentro, sei da sua força e da sua utilidade, ali colocado naquela ponta do Cabo de S.Vicente, para guia das gentes do mar.       fotos e texto de Benó

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Cada Maré





Só,

Caminharei por aqui.
Longo será o percurso.

Só.

A luz do farol ao longe.
O mar além, muito para além.



A esperança renasce
A cada maré




foto e texto de Benó.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Despedida









Na boca ficaram os beijos que não foram dados, os sons que não chegaram a ser palavras e nos braços regaços de abraços por oferecer.


Nos olhos, à deriva como bóias naufragadas, o mar cresceu e os dois amantes lembrarão para sempre o momento da despedida. Trocarão olhares fugidios e os sons, os cheiros, a luz, as cores do curto e fugaz instante ficarão para sempre gravados no livro da paixão que agora se fecha.

As mãos húmidas afastam-se para um último aceno, num último adeus.

Mil pensamentos irrompem e escorrem fervilhantes como lava de vulcão queimando e petrificando-se no duro chão da realidade onde o sonho deixou de habitar e a ilusão murchou como uma flor colhida na hora do calor, naquela hora da despedida.

No vazio do cais, ouve-se o mar sussurrar desejos às gaivotas de asas brancas

sábado, 13 de outubro de 2012

O sol e o pau de pita


 
 
 
 
 
 
 
O pau de pita cresceu, cresceu tanto que chegou ao sol. Não se queimou nem ardeu como Ícaro, apenas lhe tocou de mansinho. Era esse o seu sonho.
As duas araucárias ante tanta ousadia e coragem montaram guarda de honra ao jovem filho da velha mãe piteira. Em breve, ele tombará sobre o chão onde também, a sua mãe já mirrada ficou.
São assim os paus de pita desta terra, audazes, atrevidos, ambiciosos, apesar da sua vida curta.
Foi um momento sublime e eu registei-o para mais tarde recordar e escrever sobre as aventuras dos paus de pita deste jardim d'abrolhos.
 
 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Silêncio na praia


 




Os amantes dos derradeiros raios do sol gozavam esses momentos únicos deixando no areal dourado a marca dos seus pés nus.
As sombras alongavam-se vagarosamente pelo mar adentro, enquanto a noite com o seu manto espesso feito de escuridão, encobria os beijos e carícias dos apaixonados.
A lua que a medo começou a abrir os seus olhos prateados, estendeu-se languidamente por sobre a maré que já se enrugava em subtis pregas de renda branca numa brincadeira de leva e traz com as fitas de algas que, por sua vez, corriam atrás da espuma.
Ao longe, muito ao longe vindo das furnas cavadas nas rochas, o som das risadas infantis das conchas que tentavam adormecer embaladas nos braços dos polvos, enquanto os amantes namorados retiravam-se plenos de amor e caricias.
A praia recolhia-se ao silêncio abraçada pelos fios do luar.
 
A noite caminha na procura da aurora e dentro de instantes, com a baixa mar, o areal estará renovado, lavado, sem lembranças  de amores esquecidos.

À claridade de mais um dia ouvir-se-ão risadas, beijos e brincadeiras e os pés nus serão vestidos pela areia dourada que já esqueceu os pedidos e as promessas feitas ao luar.
Será a renovação da vida.


foto e texto de Benó

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Saias de pregas









As saias eram de roda, pregueadas ajustadas à cintura fina marcada pelo cinto bem ajustado. Dançava-se o fox trote, o rock’n roll, a rumba, o bolero mas também a valsa e o tango, bem agarradinhos, apertadinhos, transpirados, nas “matinées” dançantes dos clubes recreativos. E os sonhos criados eram lindos, eram dourados, Subiam alto.


Os corações transbordavam de ilusões.

Amava-se intensamente, para sempre..

Com juras e promessas se entregavam eles a elas e elas a eles com o corpo e com a alma. Inteiras.

Tempo das saias de roda. Pregueadas.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Chuva no jardim



A noite deitou-se calma e serena.Tapou-se com o manto celestial bordado de estrelas e deixou a lua semi-acesa para melhor adormecer mais calmamente.

A manhã chegou carregada e vestida de cinzento. Com um empurrão instalou-se neste princípio de dia.
Uma rajada de vento sul perpassa pelas árvores, abana o toldo que não teve tempo de ser recolhido e imediatamente a chuva cai em grossas lágrimas direitas como fios de prumo formando uma parede de água como, se de repente, uma onda se abatesse sobre o jardim.Há música trovejante e velas relampejantes e ficam lagos que a passarada aproveitará para se banhar.
Foi curto o concerto e mais curta a luminosidade celestial.

O mar não se aborreceu com esta mudança temporal e inesperada e continuou calmo lambendo as pedras do cais.

A relva refrescou-se e o sol rapidamente voltou a brilhar e a aquecer os braços que continuam despidos para gozarem mais um pouco das carícias dos seus raios.



A manhã continuou calma e serena como se nada tivesse acontecidode especial, só os canteiros de flores saciados e refrescados pareciam sorrir neste jardim d'abrolhos.



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pérolas de água


 
 
As folhas fechavam-se sobre si próprias, uniam-se num abraço fraterno que as protegeria da corrente de ar seco que teimava em cirandar à sua volta queimando-lhes as verdes nervuras por onde corria a seiva da sua vida. Respiravam vagarosamente e entre suaves sussurros e gemidos de secura aguardavam a chegada da humidade noturna que as iria refrescar. Então, poderiam dançar numa coreografia improvisada e sensual que iria chamar a atenção dos pirilampos e das mariposas do jardim.
A noite chegou rapidamente adornada de estrelas douradas, pérolas e brilhantes.



Na pressa de estender o seu manto, o colar, com as mais belas pérolas frescas e transparentes, partiu-se e as pequeninas contas soltaram-se, saltaram e começaram a cair sobre as folhas verdes e sedentas, que as agarraram transformando-as em desejadas gotículas de água fresca.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Despedidas




Nesta hora ambígua em que não é tarde nem é cedo, nem noite nem madrugada, Não sei de almoço ou jantar, nem roupa para engomar. Não importa os brinquedos por aqui e por ali ou os quartos por arrumar. Nem reparo nas almofadas a servirem de colchão pelo chão. Ouço os gritos dos “índios”, os tiros dos “cóbois”, correrias, atropelos. Estou dentro, entro na onda, são muitos os apelos.

Transformo-me.Transfiguro-me.Transporto-me meio século atrás. Sou novamente criança. Companheira de aventuras.
Jogo ao ringue, salto à corda, faço rodas. carreirinhas, castelos de areia.
Rejuvenesço.
Revivo com a petizada os sonhos, as esperanças nos risos, nas lágrimas.
Com abraços.
Agora, é a hora do recreio, brincadeira
Em breve a partida.




Um adeus. Muitos beijos..

Despedidas

sábado, 25 de agosto de 2012

Crianças em férias

 
 
 
 
 
Este verão houve a novidade de aulas de surf para as minhas crianças. Aprenderam a conviver com as ondas, a respeitar a força da maré e a brincar em conjunto numa ajuda de "um por todos e todos por um" deslizando suavemente até ao areal em cima das pranchas que lhes eram destinadas, sem medo e com muita animação e coragem.
 
 
                                   


As férias, aqui no jardim, terminaram.
Instalou-se o silêncio. As crianças partiram e as suas correrias nas disputas amigáveis pela bola deixaram a relva em sossego. Os pardais, de manhã, já podem encher os bicos com as minhocas que, distraídamente, vêm espreitar o sol, admiradas pela ausencia dos pés que constantemente as calcavam.

O toldo rasgado pelo vento  ainda desempenha o seu papel de proporcionar um pouco de sombra e as flores do jasmim já secaram e caíram. O jardim irá aos poucos tomando as suas cores outonais e nas férias de inverno, novamente, as correrias se farão sentir, os risos e as disputas encherão de animação este espaço verde que vai renascer e alindar-se para a próxima época.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Uma só cor



Uma só cor.

Não há mar não há céu.
Numa simbiose etérea há só um elemento.
Não há horizonte.
Não há verde nem azul. Só cinzento.
Os olhos mergulham para lá do nada infinitamente vazio.
A bruma envolve os barcos sem norte, de velas caídas ao longo dos mastros.




O silêncio abafa o ruído dos motores dos barcos que regressam da pesca com os porões cheios de cinzento e prata.
O sol aparecerá daqui a pouco devolvendo as cores à manhã.

Começa a vida no cais e entre a oferta e a procura, ouvem-se as gaivotas, espectadoras desta faina, que em voos rasantes conseguem uma ou outra sardinha atirada para a água pelos amigos pescadores.


Eles sabem como é difícil obter alimento no mar




fotos e texto de Benó.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Velejar

 
 
 
Solta a amarra, faz-te ao largo, segura o leme, iça a vela.
És o timoneiro do teu veleiro
Cavalga nas ondas, vencerás Neptuno.
Ouvirás o vento nos acordes do teu piano
e o marulhar do mar nas bolas que bates no chão.
Faz-te ao largo, mar
ca o rumo.
Não largues o leme!
Passarás o Cabo das Tormentas, vencerás o Adamastor.
Tu serás um Vencedor
!
 
 
Foto de Joaquim Baptista
texto de Benó dedicado ao meu neto Frederico

terça-feira, 3 de julho de 2012

A Piteira






Brotou da mãe, do seu fundo interior, protegido pelos braços maternos que se abriram voluntariamente, para que a natureza cumprisse o seu dever. Já adulto, tem este aspeto, adornado com pequenos ramos cabeçudos.





Alto, elegante, o pau de pita desafia as alturas. Dentro de algum tempo, tombará inerte com a mãe que o deixou crescer. Entretanto, já outros pequeninos exemplares se desenvolvem rentes ao chão, aproveitando a pouca seiva que a velha piteira ainda tem e que lhes irá servir de alimento.
Rodará o ciclo da vida.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Figos





Os melros também comeram dos primeiros figos que restaram ainda presos à árvore mãe, propositadamente, para o  repasto dos meus amigos alados de bico amarelo. Os que ainda se encontram verdes e pequenos só para fins de Agosto estarão prontos para a colheita. Até lá, esperamos.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Os primeiros





Por esta altura do ano, aparecem os primeiros figos. São poucos mas bem doces. Depois, a mãe figueira vai criando forças para daqui a um mês ou dois, nos presentear com nova remessa, embora mais pequenos mas, em maior quantidade.
Até lá, vou deliciando-me com estes.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Uma flor amarela



Está na altura de colher as courgettes.
Desta linda flor amarela irá formar-se o fruto que tem lugar na minha culinária. Nesta foto, lá atrás, já se pode ver um exemplar. As flores também são comestíveis e podemos incorporá-las nas saladas.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Vida


Nuvens cheias, prenhas.

Amontoam-se, incham e num prenúncio de rebentar de águas a todo o instante, correm até se desfazerem em lágrimas que inundarão o rosto ressequido dos terrenos ávidos do precioso líquido.

Depois, todas as sementes que a terra guarda no seu ventre eclodirão e tal como uma grande orquestra, a natureza fará soar bem alto os acordes da sinfonia da vida tendo o sol por maestro.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

TÚLIPA????







Pela montanha me passeei. Estevas e rosmaninho me acompanhavam e perfumavam o meu caminho.
Pequeninos malmequeres brancos como a neve que no inverno cobre aqueles campos, saudavam-me e eu retribuia com um OLÁ de visitante mais habituada ao mar que ao campo. A maior parte da vegetação e arvoredo que ia encontrando, não habita a minha zona, normalmente, batida pelos ventos salitrosos deste oceano que nos rodeia.

Por entre o verde, só e isolada, esta linda flor rosa, ereta e vaidosa no seu caule firme e delgado, mostrou-se em três exemplares.Não lhe conheço o nome mas achei-a parecida com uma peónia. Informaram-me que também há na cor lilás e branca.Com qualquer colorido é bela, certamente. .  

Seria bom que fosse preservada e não estivesse, como a nossa rosa albardeira, em vias de extinção.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

CARISSA



A carissa macrocarpa é um arbusto oriundo da África do Sul, mais propriamente, da região costeira do Nata, que suporta bem a salinidade do solo e do ar maritimo da zona onde habito.
 O meu exemplar, todos os anos floresce com lindas e pequenas flores brancas que perfumam agradavelmente o espaço envolvente e, a partir de Maio, enfeita-se com brilhantes frutos vermelhos de forma oval que, quando devidamente amadurecidos, são colhidos e apreciados por todos cá em casa.
 Podo-a só o necessário, para lhe dar o aspeto que desejo, de acordo com o local onde se encontra.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Primeiro dia do mês de Maio



O Jardim criou vida com as gincanas infantis e  as habilidades dos petanqueiros.

As nuvens, em grupo ou isoladas, pareciam divertir-se com as brincadeiras de pequenos e graúdos.Ora apareciam densas e grossas brincando ao escnde esconde com o sol, ora desapareciam por completo deixando que o astro rei mostrasse a sua força aquecendo a criançada que se movimentava em grandes correrias. As árvores exerciam o seu papel protetor sombreando os bancos de madeira onde as mães se encontravam como espectadoras atentas e cuidadosas prontas a socorrerem a sua prole em caso de qualquer trambolhão.
Ao fundo, o mar refletindo o azul do céu, espraiava-se, preguiçosamente, na areia da praia esperando que algum ousado atleta se atrevesse ao mergulho da tarde.

Foi, assim, no Jardim de todos nós, em dia feriado já passado.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cada um é como é






Esta foi a minha colaboração para o desafio desta semana no PPP - Fotografando as palavras dos outros, sob o poema de Alberto Caeiro.
 "Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem, cada um é como é."

Um por de sol no final do dia  que antecede a noite seja ela chuvosa ou não.
Todos os dias isto acontece  mas nem sempre podemos observar esta beleza. Apesar dele, sol, ser o rei do nosso sistema solar. a sua visibilidade é condicionada pelas diáfanas, fofas e voláteis nuvens.  Todos existem, todos são necessários e cada um é como é nesta vivência do dia a dia.

Poderão ver muitas mais fotos sobre o mesmo assunto aqui

domingo, 15 de abril de 2012

Ervas do jardim












Todos os anos, com a chegada da primavera. ela também chega. Irrompe por entre as pedras do canteiro; sem adubos nem regas floresce, cresce e expande as suas guias ciando umas lindas flores azuis.
Conheço-a como erva anjinho. Deve ter o seu nome próprio mas ainda não consegui identificá-lo .
Aparece em todas as pequenas fendas dos muros.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Pelos caminhos de Sagres

Os pampilhos maritimos bordejam os caminhos tornando o nosso passeio bem colorido com as suas pequenas flores amarelas.
Também as estevas, estas de finas pétalas todas brancas, formando pequenas moitas, baixas, pois o vento não as deixa crescer, acompanham-nos nas nossas deambulações por estes campos áridos, mas floridos.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Flores azuis em cama verde




Junto ao empedrado do passeio, num terreno bravio, inculto e pedregoso, encontrei este belo conjunto fresco e viçoso. Não sei o seu nome mas, não interessa,  porque não vou estudá-lo nem catalogá-lo. Admiro, sim, a sua força de sobrevivência, nascido ali no meio de nada, recebendo beijos do ar salitroso, bafos do poluente CO2 atirados pelo trânsito automóvel que diariamente por ele passa, sem nele reparar, as "regas" ocasonais dos amigos de quatro patas, Lulus e Tótós.
Apesar de tudo isto, este exemplar da flora vivaz da minha região mantèm-se bonito e oferece a quem nele repara o encanto das suas pequenas flores azuis e o verde refrescante das suas folhas.

Na estrada real, na descida para o porto de mar, aqui, perto de mim.

sábado, 31 de março de 2012

A beleza do lírio














Falei com ele, acariciei-o, adulei-o. Exaltei o azul impar das suas pétalas, todo o seu corpo e beleza. Enamorámo-nos e, por fim, fotografei-o.
Este é o primeiro lirio do Jardim.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Bocas que são goelas

O Jardim está encantado com este sol primaveril com uma intensidade de temperatura estival. Por isso,  em cada dia que passa vai oferecendo-me  coloridos diferentes, fragrancias mais ou menos intensas nas diversidade dos exemplares que passaram o frio inverno escondidos debaixo da terra    e agora estão prontos para eclodirem em toda a sua plenitude e beleza.
É o caso das goelas de lobo ou bocas de lobo, nas suas diversas cores e modos de apresentação: ora em grupos rasteiros ora eretos e muito densos.                                                                          


E os lírios que deixei enterrados no vaso dos amores-perfeitos e todos os dias estão mais adultos.

sexta-feira, 16 de março de 2012

SOMBRAS


Sombras sempre diferentes a cada momento.
Sombras.

Sombras disformes, alongadas, projetam-se em paralelo com o verde da esperanç,a no caminho da vida 
São a parte escura da realidade. Formam  imagens fantasiosas de fadas e duendes habitantes de jardins encantados ou cavaleiros e princesas protagonistas de lutas e duelos em que o bem vence sempre pisando a cabeça do dragão malvado.
Sombras são as fantasias da vida.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Espelho lodoso










Nas poças de água que se encontram nos caminhos do Jardim, há lodo no fundo,   

mas as árvores vêem-se na sua superfície como se dum espelho se tratasse e 

sacodem vaidosas a  cabeleira ramosa sendo-lhes indiferente a profundidade ou  

limpidez do charco. Somente lhes interessa a imagem superficial.



Com graça natural, agitas o cabelo solto sobre os ombros e com as mãos o esticas e 

prendes num elástico formando um farto rabo-de-cavalo no alto da 

cabeça que depois movimentas com a leveza e elegância duma nailarina.

E, como uma bailarina, rodopias sobre ti própria 

sorrindo satisfeita com a imagem que te é devolvida pelo espelho de vidro cujo 

fundo é negro, opaco, escuro. 

Só interessa o que vês na superfície -  brilho, luz – e

esqueces que, tal como as poças de água que na sua quietude conseguem ser 

transparente por cima, mas têm um fundo lodoso e sujo, assim é o vidro em que te 

olhas e que te mostra uma figura luminosa mas enganosa da tua realidade.




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Num banco de jardim

O desafio desta semana no PPP tinha por tema este verso do José Gomes Ferreira

E para aqui estou a olhar para os espaços
Sentado num banco da Avenida
Com o tempo a dormir-me nos braços
Como uma ninfa de sol apodrecida


Esta seria a foto que eu deveria ter enviado mas,

Porque me esqueci do tempo

Porque eu quisera agarrá-lo e saboreá-lo devagar
Porque a paisagem convida à contemplação,
Porque, enfim, tive vontade de te fotografar


                   Com o teu consentimento e o meu querer
                   Apanhei-te sentado no banco a meditar.


Guardei a imagem




Porque hoje é o dia que é.