segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Caminhos



Longo é o caminho a percorrer. Umas vezes a subir, outras nem tanto; umas vezes na linha reta previamente traçada, outras vezes com perigosas curvas em cotovelo que nos aparecem repentinamente e nos obstruem a visão do percurso idealizado. Poderão ser caminhos de asfalto fáceis de pisar ou  caminhos pedregosos, escorregadios, sinuosos demais.





Neste percurso de sobe e desce, de curva e contracurva será obrigatório não perder o rumo; não mudar a direção previamente definida; não estacionar na berma; não exceder as velocidades nem a mínima nem a máxima; evitar as distrações que poderão ocasionar graves acidentes muitas vezes irreparáveis.


É continuar em frente, com o olhar fixo no cimo da montanha mesmo que sobre ela se veja nebulosidade, chuva ou nevoeiro.

foto e texto de Benó

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Abandono



Navegou por mares longínquos, ora mansos como lagos, ora relevados como cordilheiras de altas serras, num sobe e desce de vagas profundas. As baleias e os golfinhos foram a sua companhia na descoberta dos cardumes da prata que encheria o seu ventre para se converter no alimento das famílias e dos homens que o governavam e dele dependiam com confiança.
Muitas campanhas de gente forte e corajosa viveram dele e para ele.
Em terra, ficavam os corações femininos ansiando pelo seu regresso, numa espera longa e, em que, durante esse tempo, saudosas pelo amor dos homens ausentes, uns profundos sulcos, sinónimo de cuidados e canseiras, iam marcando os seus rostos jovens.

Envelheciam sozinhas.  
Muitas luas se passaram, muitos ventos zuniram nos seus mastros, muitas vagas varreram o seu convés. Quantas vezes mergulhou na escuridão dos nevoeiros com o sol embrulhado em densas teias de humidade. Os seus comandantes, mestres na arte de navegar, sempre o souberam dirigir com rumos certos para bons portos, mas, agora, tal como eles, a sua vida chegou ao limite.

As tábuas do convés esburacaram carcomidas pelo bicho, pela idade que não perdoa e tudo consome, o seu cavername, - a sua coluna dorsal -, a sua estabilidade que lhe proporcionava a forte resistência para vencer a adversidade dos mares, está diminuída; os motores –o seu coração-  pararam para sempre, já não necessitam de óleo, o sangue que lhe dava vida; os porões deixaram de ter condições para guardar qualquer espécie piscatória, cheiram a mofo, criaram limo, são urnas vazias.
Agora, só lhe resta o esqueleto velho, enferrujado, apodrecendo a cada dia que passa, ali, no estaleiro onde permanece encalhado a servir de albergue a ratos e baratas, pouso de aves marinhas, abandonado às intempéries, açoitado por ventos e areias, incapaz de navegar.

Dentro de si guarda recordações que não partilhará; vagueiam fantasmas de sonhos e fantasias.

 foto e texto de Benó
 

 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Barcos na baía

 
 

Ansiosa, chega à janela que não abre e, por entre as cortinas de fina gaze transparente, olha a calma baía de águas azuis esmeralda, onde o céu se vê e revê tal como Narciso no lago.

De pé, vagarosamente, com as mãos pequenas, põe as vidraças a descoberto e sorrindo alonga o olhar até onde os veleiros de velas recolhidas se encontram fundeados.

Ansiosa espera, pois sabe que, dentro de minutos, alguém virá a terra, possivelmente algum marinheiro para se abastecer de frescos ou simplesmente matar saudades de pisar terra firme. Ansiosa interroga-se: -Como será o comandante de cada iate? Novo, velho? Quantas pessoas viajarão ali? Qual o próximo porto a visitar? Estas e muitas outras são perguntas que ficarão sem resposta pois, Ansiosa não sai da sua janela para ir perguntar, para ir saber, conviver com as gentes que chegam nos veleiros e movimentam as sossegadas águas da baía, enchem os bares, fazem compras, conversam alto nas esplanadas que tomam de assalto e sabem sorrir ao sol quente que os bronzeia. E põe-se a idealizar.

Ela sonha, devaneia fantasias com príncipes audazes e corajosos prontos a raptá-la do seu castelo onde não há relógios, nem agendas ou calendários, onde a vida parou e ela própria se enclausurou, se ermou, num vazio sem horizontes.

Ansiosa vive só com a sua ansiedade.

 
foto e texto de Benó

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Calma no barlavento






Enquanto  no resto do país há chuva, vento, inundações, alerta vermelho para a costa marítima, o algarve passa incólume.
Aqui, no barlavento, tivemos o espetáculo maravilhoso da tempestade Hércules com o mar a subir por falésias com mais de 40mts saltando em altura outro tanto o que perfazia um total de cerca de 100mts de altura em água.
Passado um mês sobre o acontecimento Hércules, fui à praia da mareta. Estava assim.
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       Lá se brincava, corria, praticava-se surf
 
 
 
Este fim de semana, mais uma vez as previsões são de mau tempo, vento, chuva e por aí fora.
Aqui, no Jardim, protegi vasos, recolhi flores mais sensíveis. Como precaução.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A bela formosa

 
Os jardineiros deste Jardim resolveram ir visitar o sotavento algarvio e a pequena digital soube captar estas imagens da bela ria formosa
 
 

Os pequenos barcos repousam tranquilamente neste oásis de líquido da cor do céu.




As nuvens mais não fazem de que se mirarem e remirarem na placidez deste espelho líquido apenas enrugado pelo pousar dalguma pequena ave marinha.




  

Cabanas de Tavira abraça a ria como uma mãe faz a um filho.




Como qualquer turista, o bichano aprecia a paisagem que tem à sua frente.




fotos e texto de Benó