sábado, 25 de maio de 2013

Nevoeiro

                                                                                            foto e texto de Benó
 
 
O nevoeiro espalhava-se, víamo-lo a estender preguiçosamente os seus braços para rapidamente engolir as charnecas, devorar estevas, rosmaninhos, rosas albardeiras, tojos, jóinas. Fauna e flora tudo desaparecia por dentro do abraço frio e húmido daquele visitante pesado e indesejado. As palmeiras do jardim da avenida sentiam-se apertadas naquela densidade pegajosa e pelas suas longas folhas inertes escorriam lágrimas penosas que só o vento as faria secar.

O palmeiral ansiava pela chegada do ventania fria e forte à qual já se habituara e que, rapidamente, poderia dissipar aquelas gotículas de água que tudo molhava e tornava cegos os olhos que não viam “um palmo à frente do nariz”.

domingo, 19 de maio de 2013

Flores da rua


 
Cada vez há mais flores nas bermas dos caminhos, na beira das estradas por onde passam camiões, automóveis com cavalheiros que param para as colher.
Poluição social.
Flores desenraizadas, sem húmus para viver. Entre as pedras procuram a força necessária para o seu desabrochar. Terão uma existência curta e serão pisadas e serão cuspidas, maltratadas, arrancadas ao seu meio ambiente.
Serão flores murchas sem jardim.


foto e texto de Benó

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Escadas da vida


 
Escadas que se sobem.
Escadas que se descem.
Degrau a degrau, sem canseira nem cansaço, vais subindo a escada da vida, passo a passo.
Nalguns patamares na subida, paras e às vezes desces.
Prossegues, a subir ou a corrigir o teu caminhar para mais rápido ou mais devagar.
Quando a corda do relógio da vida se partir, descansarás então.
Os teus sonhos serão asas e voarás.

Haverá mais uma estrela no céu.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Livros


                                                                                             imagem da net
 
 
Livros amigos que me contam baixinho todos os seus segredos. Com eles derrubo gigantes, enfrento tempestades, choro e rio. Medito e sonho, avanço no futuro e volto ao passado, tudo isto estes amigos me oferecem sem pedir nada em troca. Não se queixam se deles me esqueço abertos ou fechados sobre qualquer mesa ou cadeira, não reclamam se, momentaneamente, os troco por dois dedos de conversa com as amigas.

Por vezes, fico pelo meio do assunto descrito, não consigo ouvir até ao fim as histórias que me estão a contar. Interrompo um, começo outro ou tenho dois e três no colo dedicando-lhes a mesma atenção, ouvindo-os alternadamente e com o mesmo interesse. Não são ciumentos nem um quer ser mais que o outro.

Os livros preenchem os meus momentos de solidão. Com eles não há espaços vazios dentro de mim. As suas letras são palavras que compõem o meu viver, o meu estar neste Jardim d'abrolhos