Sente-se uma ilha no meio do oceano de gente que a rodeia, uma ilha desabitada, solitária. Uma boia que partiu a amarra e foi deixada na praia pela maré cheia.
A caneta
segura pela mão trémula recusa a transmitir ao papel os pensares da sua agitada
mente. Só letras isoladas que dançam um bailado sem coreografia como moscas
esvoaçantes sem saber onde poisar.
As pernas que sustentam o corpopesado
nem conseguem ir pelo caminho aberto no chão duro da vida e os braços acabam
por tombar inertes ao longo do corpo num abandono inusitado sem forças para se
erguerem e abraçarem a vida.
É uma vida
que já não é.
É um deixar
de querer ser.
É um barco à
deriva sem leme nem bússola que a tempestade da vida engolirá.
História
triste anotada no Bloco de Capa Azul.
foto e texto de Benó