Ouve-se muitas vezes o desejo expresso por gente de 40/50
anos de querer voltar ao tempo de sua juventude.
Poderá haver várias
razões para isso, como a falta de saúde, o desemprego, a solidão. Se por um lado
a idade de 40/50 marca o começo dos achaques e se o desemprego se instalou nas famílias
acrescido da dificuldade em arranjar nova colocação com esta idade, também é
verdade que, ultrapassados esses problemas, o meio século já vivido nos
proporciona um saber estar e um encarar as dificuldades dum modo mais suave.
Estudámos, trabalhámos, crescemos, amadurecemos.
Uns aprenderam a selecionar as pedras dos caminhos retirando aquelas que não tinham valor mas deixando
as preciosas, outros não souberam fazer essa escolha e caminharam sobre picos e escolhos, sangrando.
Durante estes anos de existência vimos fortes ventos rasgarem
velas. Vimos náufragos morrer na praia.
Viveram-se deceções, partilharam-se alegrias. Construíram-se
sonhos.
Muita água correu sob
as pontes
Que importa mais um cabelo branco? Mais uma ruga ou uma
artrose se o sol nasce todos os dias? Se as crianças continuam a sorrir e se ainda
há amor entre as pessoas?
Os velhos continuam a ter esperança.
Texto e foto de Benó.