De
setas apontadas às alturas existe um portão de ferro pintado de verde, cor da
esperança, fechado, sem chave nem cadeado, nem trinco, nem aldraba.
Ornado de
corações deixa ver o verde/amarelo das ervas que cobrem a terra castanha,
matriz das sementes que eclodirão em breve, com a chegada dos primeiros calores
que poderão entrar sem qualquer impedimento. Por ele e sobre ele, a chuva passa,
entra e sai só ou acompanhada pelo vento seu companheiro nestes dias. Também as
nuvens fazem-lhe um adeus rasante numa corrida louca empurradas pelos soprares
eólicos ou em mansos passeios e devaneios exibindo as suas formas inconstantes
e sensuais numa atrevida provocação feminina
É um portão
de ferro pintado de verde, sem história mas com muitas histórias para contar de
gentes passantes, visitas ocasionais, jovens
ou velhos que a ele se arrimam para um descanso das caminhadas ou dos anos que
já pesam nas pernas de quem muito percorreu e viveu.
texto e fotos de Benó