domingo, 23 de agosto de 2009

PLAYTIME

O Jardim é composto por árvores, arbustos, ervas, algumas daninhas, outras necessárias, flores de diversos matizes já totalmente desabrochadas, várias ainda em botão a esforçarem-se por se manterem frescas e viçosas neste verão quente, umas perfumadas, outras não tanto....

As árvores estendem os seus ramos, uns para mais longe, outros para mais perto e ao tocarem a terra propícia ao seu desenvolvimento, enraízam, criam força, tornam-se árvores independentes da árvore-mãe e oferecem a sua própria sombra e enchem-se de frutos.

Fui ver uma dessas árvores, beneficiar das delicias da sua sombra e encher-me do doce aroma dos seus frutos.

Para que a colheita não seja feita antes do tempo e muito menos por mãos alheias, é necessário que, por perto, sempre presente, esteja um guarda que imponha respeito, que atemorize com o seu ar carrancudo mas que, também, saiba receber quem vai por bem.


Depois, já retemperada com a sede saciada e de ter provado as guloseimas que me foram oferecidas, fui a outra paisagem desfrutar de "PLAYTIME". Foi no Convento do Espirito Santo, na sua Galeria de Arte, em Loulé.

Naquela tarde, ao deixar a rua quente e ensolarada e ao entrar na Galeria onde Joana de Vasconcelos expunha, os olhos encheram-se-me de colorido e senti-me transportada para um espaço alegre, bizarro e onírico.

Só, no meio duma sala de paredes brancas, eis o "PIANO DENTELLE".

Fechei os olhos e ouvi os sons que aquele croché me transmitia do piano sem pianista

sábado, 1 de agosto de 2009

AO SOL

O Sol, meu companheiro de despertar, beija, 360 dias por ano, esta terra onde habito .



O oceano é o seu berço e, muitas vezes quando acorda, vem um pouco envergonhado, dar-me os bons dias ficando de olho aberto-olho fechado a ver-me espreguiçar.
Depois, já mais desperto, os seus braços quentes e fortes brincam comigo enquanto deambulo no meu cumprimento matinal às flores do meu espaço.

Aquece-me, abraça-me, protege-me, oferece vida às plantas, colorido ao jardim e o seu calor é o conforto preciso nas horas mais frias dos meus invernos.
Dá ao meu rosto, por onde muitos sóis já passaram, a cor trigueira e saudável das mulheres do sul mas, também me oferece a calma frescura do pátio sombreado onde brincamos às escondidas e onde me sento e sonho nas horas vazias do dia-a-dia.


No entanto, é naqueles momentos especiais, rápidos e curtos da hora da despedida, quando bem vermelho mergulha neste oceano que me rodeia para ir aquecer o outro lado do mundo, que eu mais aprecio a sua beleza.

Durante breves instantes posso admirar por sobre os telhados, nas copas das árvores, batendo e entrando pelas vidraças das janelas, os quentes matizes do ocre/amarelo/vermelho do seu rosto ao partir, num lindo espectáculo de cores e encandeamento neste Jardim d'abrolhos.