quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Pequeno almoço




Os pardais saltitam, as rolas esvoaçam em alegre união convivem e brincam na procura de sementes entre os tufos de relva. Os pretos melros enfiam o bico cor de ouro, no relvado húmido e fofo enchendo-o com as saborosas minhocas. Não falta um bom pequeno almoço para os habituais utentes do jardim d'abrolhos. Há, porém, os visitantes ocasionais: pombos, garças e também gaivotas mas esses procuram alimento mais acima, no terreno lavrado.
 
 
 
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sonhos em flor

 
 
 
 
 
 
 
Não deixes a erva crescer em redor dos teus sonhos em flor. Arranca-a pela raiz, monda e cava, fornece-lhe substrato e verás o desabrochar dessas flores que rapidamente se transformarão em doces frutos.
 

sábado, 12 de janeiro de 2013

Raizes

 
 
Raízes, nuas, descarnadas, torcidas e retorcidas. Agarram-se à terra e dela tiram o suco necessário para a sobrevivência do seu corpo.
Não lhes importa o sol escaldante ou a chuva impiedosa. Têm o mundo debaixo de si.
O seu tronco grosso, suporte de ramos e folhas, abrigo noturno dos seres alados, tem, em si, gravados por namorados apaixonados,  o nome dele e dela, metidos em corações atravessados pelas setas de Cupido.
Lembranças efémeras de amores que não chegam a adultos, que nasceram para durar pouco.
Mas as raízes continuarão pegadas à terra alimentando aquele corpo já velho e indiferente aos amores e desamores de quem goza da sua sombra e corta sem dó a sua pele rugosa.
 
 
foto e texto de Benó

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Perdida





Deixa que me perca no labirinto das tuas palavras, nos murmúrios suaves que a tua boca deixa na concha do meu ouvido.

Nessa música encantada do som da tua voz.

Depois, irás encontrar-me na tempestade que os teus olhos provocam quando se cruzam com os meus.

As minhas mãos irrequietas como velas agitadas pelo vento, prende-as depois, entre as tuas.

Acalma o meu coração tornado barco à deriva sem leme nem âncora.

Juntos, venceremos a tempestade cavalgando no arco íris.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Segredos

 
 
 
Por detrás das gelosias, vive-se dias negros de solidão.
Guarda-se segredos não contados porque se se contassem deixariam de ser aquilo que são.
Chora-se e ri-se. Canta-se e grita-se as dores das saudades.
Conta-se os dias por detrás das gelosias
Amargos, tristes, sós.
Entre os livros, os gatos e as recordações decorrem vidas sem vida
Compridas, imensuráveis.
Dias longos, horas intermináveis
Num sonho sem fim. Numa realidade sem voz.
Por detrás das gelosias vive-se segredos inconfessáveis.
 
foto e texto de Benó