domingo, 26 de abril de 2015

Espuma no areal




Há momentos especiais em que a natureza nos proporciona belos instantâneos fotográficos.
Num dia de vendaval no inverno passado, o mar resolveu lavar as pedras do areal com a espuma duma barrela que só ele sabe fazer e eu estava lá.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Areal

                                                                                                         foto e texto de Benó
 
 
O areal é suave, macio e os pés que passam deixam marcas formando pequeninas dunas.
Quando o dia se despede e a brisa se torna vento, os finos grãos dourados esvoaçam colando-se aos corpos ainda húmidos dos últimos passeantes. É então que os relevos desaparecem para dar lugar a uma lisura fofa que a maré cobrirá de espuma borbulhante.

sábado, 18 de abril de 2015

Carinhos

 
Mãos que viajaram europa adentro sentiram outros tatos, mergulharam noutras águas, dedilharam outras músicas, ensaiaram outros gestos, acenaram despedidas. Mãos que se fecham para guardar as gargalhadas das crianças, os afetos que recebem, a felicidade que merecem, mas que se abrem para espalhar felicidade, amor, vontades traçadas num querer sem esmorecer, afagam, seguram e amparam.
Trouxeram-me lembranças que são carinhos.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Doces momentos

                                                                                             texto e foto de Benó

Chocolates, bombons, caramelos, chupa-chupas. Mãos lambuzadas, bocas peganhentas, olhos cheios de mel. São doces os momentos da visita à avó.
Correm à volta da mesa numa provocação. – Não me apanhas! Não me apanhas.

A avó extenuada com toda a correria e brincadeiras pede um intervalo na peleja para retemperar das forças já gastas
As suas pernas são mais altas, mais fortes mas estão mais pesadas e por isso mais lentas. Já percorreram muitos e longos caminhos mas ainda suportam trajetos fantasiosos em florestas povoadas de anões e duendes onde príncipes e princesas se perdem e se encontram para viverem felizes por todo o sempre. Também resistem às maratonas e corridas de corta-mato onde as pedras e os vasos do jardim se tornam os obstáculos a vencer porque no fim há distribuição de prémios por todos os participantes quer sejam ganhadores ou perdedores e a avó também gosta de chocolates, bombons, caramelos e chupa-chupas.



quinta-feira, 9 de abril de 2015

Como Pedras




                                                                                          foto e texto de Benó


Folhas mortas, sem vida que o vento arrancou. Soltas, esvoaçam pelo ar ou acabam no chão onde serão pisadas, desfeitas em pó, reduzidas a nada.

Há palavras que quando libertadas podem ser usadas em arremessos violentos nas fúrias ventosas dos desencontros da vida ou podem vogar no ar ao sabor arrítmico das brisas quando reina a calmaria no espaço da vivência.

Folhas secas, palavras rudes, ambas são material de combustão fácil, capazes de provocar chama se caírem em sítios pouco cuidados onde as atenções à sua intrínseca manutenção foram esquecidas, no vaivém sempre igual das rotinas costumeiras. Aí tombadas, folhas ou palavras, rapidamente  criam condições para que fortes labaredas irrompam num braseiro destruidor.

Palavras duras como pedras, afiadas como setas, doridas e sofredoras dardejadas com precisão para atingir o alvo escolhido, ouvidas ao acaso, entre bicas e pastéis de nata, no burburinho dum café, pouso de gente de longe, onde as folhas não entraram mas os verbos soaram no presente, esquecido que estava o passado sem futuro pelos intervenientes da peleja.