quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pérolas de água


 
 
As folhas fechavam-se sobre si próprias, uniam-se num abraço fraterno que as protegeria da corrente de ar seco que teimava em cirandar à sua volta queimando-lhes as verdes nervuras por onde corria a seiva da sua vida. Respiravam vagarosamente e entre suaves sussurros e gemidos de secura aguardavam a chegada da humidade noturna que as iria refrescar. Então, poderiam dançar numa coreografia improvisada e sensual que iria chamar a atenção dos pirilampos e das mariposas do jardim.
A noite chegou rapidamente adornada de estrelas douradas, pérolas e brilhantes.



Na pressa de estender o seu manto, o colar, com as mais belas pérolas frescas e transparentes, partiu-se e as pequeninas contas soltaram-se, saltaram e começaram a cair sobre as folhas verdes e sedentas, que as agarraram transformando-as em desejadas gotículas de água fresca.

1 comentário:

Maré Viva disse...

Como a sua escrita é fluente, plena de sensibilidade, abraça-nos como um afago e essas pérolas de água de que nos fala, refrescam-nos a pele com um toque de frescura.

Chegou de férias plena de inspiração, seja então bem vinda!

A amiga pintora escolhe o azul colbato, mas a amiga mulher acolhe todos os outros, turqueza, marinho, céu, bebé, esverdeado, noite de luar...etc, etc, o azul está implícito na mãe natureza!
Beijinhos.