
As estevas fazem parte da flora que se estende nas charnecas circundantes do meu concelho. É um arbusto a que chamo de "lutador" pois nasce e fica instalado nos intervalos das rochas, rasga os chãos xistosos e sobrevive.
Um dos meus passeios preferidos é ir até à praia do Castelejo, sentir a humidade maritima envolver-me, aspirar o doce salgado da maresia e observar as brancas flores das estevas que quase descem até à praia.
É uma flôr simples, bem singela e atractiva para as abelhas, portadora de cinco pétalas mas, duma brancura impressionante realçada pelo tom verde escuro do arbusto que, por sua vez, é recoberto de uma resina aromática, o ládano usado na perfumaria.
Esta é a altura do ano, tempo de renovação,em que estão a desabrochar cobrindo a serra com um enorme manto branco e, embora cada flor não dure mais de que um dia, elas oferecem-nos a sua beleza por mais tempo, devido a uma longa sucessão das mesmas.
O fruto é uma pequena cápsula globosa com vários compartimentos a que nós, quando crianças donas de poucos brinquedos, chamávamos "piorras" e rodando o pequeno "pé" entre o dedo médio e o polegar faziamo-las dançar tal como um pião.

Hoje ofereço-vos a brancura da flôr da esteva e os últimos versos da "Charneca em flor" da Florbela Espanca"
Olhos a arder em êxtases de amor,
boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!