quinta-feira, 26 de julho de 2012

Uma só cor



Uma só cor.

Não há mar não há céu.
Numa simbiose etérea há só um elemento.
Não há horizonte.
Não há verde nem azul. Só cinzento.
Os olhos mergulham para lá do nada infinitamente vazio.
A bruma envolve os barcos sem norte, de velas caídas ao longo dos mastros.




O silêncio abafa o ruído dos motores dos barcos que regressam da pesca com os porões cheios de cinzento e prata.
O sol aparecerá daqui a pouco devolvendo as cores à manhã.

Começa a vida no cais e entre a oferta e a procura, ouvem-se as gaivotas, espectadoras desta faina, que em voos rasantes conseguem uma ou outra sardinha atirada para a água pelos amigos pescadores.


Eles sabem como é difícil obter alimento no mar




fotos e texto de Benó.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Velejar

 
 
 
Solta a amarra, faz-te ao largo, segura o leme, iça a vela.
És o timoneiro do teu veleiro
Cavalga nas ondas, vencerás Neptuno.
Ouvirás o vento nos acordes do teu piano
e o marulhar do mar nas bolas que bates no chão.
Faz-te ao largo, mar
ca o rumo.
Não largues o leme!
Passarás o Cabo das Tormentas, vencerás o Adamastor.
Tu serás um Vencedor
!
 
 
Foto de Joaquim Baptista
texto de Benó dedicado ao meu neto Frederico

terça-feira, 3 de julho de 2012

A Piteira






Brotou da mãe, do seu fundo interior, protegido pelos braços maternos que se abriram voluntariamente, para que a natureza cumprisse o seu dever. Já adulto, tem este aspeto, adornado com pequenos ramos cabeçudos.





Alto, elegante, o pau de pita desafia as alturas. Dentro de algum tempo, tombará inerte com a mãe que o deixou crescer. Entretanto, já outros pequeninos exemplares se desenvolvem rentes ao chão, aproveitando a pouca seiva que a velha piteira ainda tem e que lhes irá servir de alimento.
Rodará o ciclo da vida.