Nem um “abre-te sésamo”, nem a maior das chaves, a mais
forte ou a mais sofisticada será capaz de abrir essa boca cinzelada no duro
mármore, fechadura impenetrável para uma caverna de emoções, de sonhos e
desejos, que ali se encontra “esquecida”, colocada ao acaso num espaço livre, peça olhada por muitos passantes mas por poucos observada.
O artífice que a esculpiu que lhe deu forma de cabeça, não
lhe abriu os olhos mas só delineou uma boca fechada que não contará os segredos
aí preservados do querer/saber alheio. Sentimentos, recordações, sentires que
nunca sairão do baú de pedra onde se encontram. Serão como pedras depositadas
no fundo do rio do esquecimento.
A ferramenta que o artista
empunha seja pincel, cinzel, caneta ou outra qualquer, através da mão que a
segura é o transmissor dos seus mais desconhecidos anseios ou desejos
guardados/camuflados no mais profundo do seu íntimo. A sua obra fala deles e
deixa antever um pouco do seu autor sem que ele o queira.
Na Fortaleza de Sagres entrei,
passei e senti, num dia sem data.
5 comentários:
E é aqui que devia ter comentado em 1º lugar: muito bonita.
E quantas bocas fechadas, delineadas não apenas no mármore, guardam tesouros que nunca passarão de "pedras depositadas no fundo do rio do esquecimento".
Os textos aqui postados são sempre de uma beleza e de uma sensibilidade extremas, que nada nem ninguém pode calar.
Um beijo.
Há artistas assim: dão-nos um imaginário muito próprio para que dele tiremos todos os ensinamentos. Gostei imenso, amiga Benó.
Um beijo.
A arte sugere mais do que diz... Ao observador cabe "refazê-la" no âmago do seu sentir.
Beijo
E de uma pedra tosca , sem forma, nasce o tema um belo texto de reflexão
bejis
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