Foste semente caída pelo chão. Arrastada pelo vento paraste
esquecida, perdida, sozinha entre as pedras. À beira do pontão ficaste e escondida
permaneceste para não seres engolida pela voragem da chuva e no
esgoto acabares ou no fundo do mar.
O marulhar das ondas, o gemer dos barcos, o trinar dos beijos
dos namorados foram a tua companhia enquanto pequeno grão. Aos poucos, a vida descobriu-te
e ajudou-te a ver o ouro do sol, o azul do céu e o verde do mar. Bastou um
pouco de calor e germinaste, eclodiste, brotaste do escuro. Cresceste,
enfeitaste-te de ramos e folhas, em breve serás árvore e as crianças comerão lapas
e figos torrados à tua sombra enquanto as mães olham o mar e esperam o regresso dos
seus homens nos pequenos barcos de ventres inchados de escamas prateadas.
Texto e foto de Benó
6 comentários:
Belíssimo, Benó! O encantamento do constante milagre da natureza...
Que texto tão bonito e que bem legenda a fotografia!
Muito bonito!
É espantoso como, nos mais improváveis lugares, podem crescer plantas. :)
Querida Beno
Um hino a força de uma pequena semente!
Lutou e conseguiu um lugar ao sol,para mais tarde nos proteger dos seus raios!
A sua sensibilidade foi tocada pela pequena arvore em crescimento e fez brotar um belissimo texto.
Muitos parabens.
Beijinho
Beatriz
Uma árvore que escolheu nascer e viver à beira mar. Muito belo, amiga.
Um beijo.
Belíssimo texto, como é hábito, aliás.
Aqui, sim, transparece uma sensibilidade apurada e uma criatividade inata!
Gostei imenso, como gosto sempre dos seus textos.
Um beijo.
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