Sente-se uma ilha no meio do oceano de gente que a rodeia, uma ilha desabitada, solitária. Uma boia que partiu a amarra e foi deixada na praia pela maré cheia.
A caneta
segura pela mão trémula recusa a transmitir ao papel os pensares da sua agitada
mente. Só letras isoladas que dançam um bailado sem coreografia como moscas
esvoaçantes sem saber onde poisar.
As pernas que sustentam o corpopesado
nem conseguem ir pelo caminho aberto no chão duro da vida e os braços acabam
por tombar inertes ao longo do corpo num abandono inusitado sem forças para se
erguerem e abraçarem a vida.
É uma vida
que já não é.
É um deixar
de querer ser.
É um barco à
deriva sem leme nem bússola que a tempestade da vida engolirá.
História
triste anotada no Bloco de Capa Azul.
foto e texto de Benó
19 comentários:
Belo texto!! Cheio de sentido. Gostei. Não obstante o tom de final de vida...
Beijinho.
Benámiga
Infelizmente não faltam por aí e por aqui ilhas desertas e bóias à deriva; mas sabe bem aponta-las - o que fizeste. Obrigado pelo que me/nos ofereces
Qjs = queijinhos = beijinhos do Leãozão
Espero por ti na NOSSA TRAVESSA http://anossatravessa.blogspot.pt E pelos teus comentários e por me seguires. Não é pedir muito...
Mais um texto excepcional, Beno!!!
Adorei! Um texto profundo, e que nos induz a algumas analogias com a vida...
Beijinhos! Continuação de uma boa semana!
Ana
Que triste, Benó! Triste e desolado, apesar de muito bem escrito...
Uma nostalgia inscrita nas palavras. Um corpo a sentir que se transforma em ilha e que pode sucumbir de solidão... Que beleza de texto, minha amiga Benó!
Um beijo.
As vezes nos sentimos assim : bóias para salvar , bóias perdidas no mar ....
Belíssimo texo
Beijinho
Um texto, que apesar de triste é tão sensível e revelador de tantas vidas à deriva.
Gostei bastante!
Um beijinho grato e até Setembro!
Deixando um beijinho, nestes dias em que estarei mais ausente... contando voltar aos blogues, mais no final do mês!
Até breve! Tudo de bom!
Ana
Há momentos assim, de cansaço. Dão histórias tristes. O triste, porém, pode ser belo.
:)
Continuação de boas férias, amiga Benó.
Beijos.
Olá, querida Benó.
Belo texto que fala de uma realidade tão feia, minha querida.
"É uma vida que já não é.
É um deixar de querer ser. " - sem leme e sem bússola para guiar no final do caminho, triste confronto! E quantos de nós o viverá?
um beijo muito amigo
Que linda sua
Poesia!
Encantada, ja seguindo aqui
a aguardo la no
Espelhando.
Bjins
Catiaho Alc.
Passando para deixar um beijinho, esperando que tudo esteja bem aí desse lado!
Ana
Olá, Benedita (gosto do seu nome, gosto!)
Estive a ler alguns textos seus, aqui no blogue, e vê-se, sente-se que sabe escrever. Fiquei contente por encontrar gente que sabe ainda escrever com principio, meio e fim. Parabéns!
Presumo que seja algarvia, e portanto o mar está à mão de semear, em todos os aspetos, e logicamente na escrita, também. Por vezes, sentimo-nos assim, ilhas, isoladas, perdidas, longe do bem e do mal, mas neste seu texto, assoma-se a melancolia e alguma revolta.
Tratam-na por Benó, mas se não se importar, continuarei a empregar o nome próprio Benedita, que, abençoadamente escreve.
Um beijinho com estima e consideração.
PS: encontrei, casualmente, o seu blogue. "Há dias felizes", assim apregoava o cauteleiro!
Olá, querida amiga Benedita!
Muito agradeço a sua presença e palavras simpáticas e sinceras no meu blogue.
Compreendo. Em setembro, o Algarve ainda tem muita movimentação. Esperemos o outono mais calmo e repousante.
Beijinhos e dias felizes!
Um beijinho grato pelas suas palavras no meu blogue.
Aguardo actualizações por aqui :)
Um texto muito bonito. embora seja uma história triste.
espero que esteja tudo bem consigo.
Um abraço e bom fim de semana
Boa Tarde, querida Bené!
Não podemos perder o sabor da vida... peçamos a Deus para retomar a direçao e o leme do barco para que ele não fique à deriva...
Bjm muito fraterno
Que lindo isso,Bene! Adorei! bjs, chica
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