Sossego e paz eram os seus sentires naquela manhã clara em
que tinha decidido sair, apanhar ar, desanuviar a cabeça.
Andava no ar aquele
cheiro especial da beira-mar quando o mar se encolhe e mostra o verde dos limos
que cobrem as pedras antes escondidas. Respirou fundo, até encher os pulmões de
frescura e o coração de alegria.
O sol brincava com os bocados de nuvens que se tinham
esfrangalhado, sabe-se lá porquê, num esconde-esconde de criança e nas rápidas
aparições, punha sobre as águas translúcidas daquele seu mar, pequenas manchas
prateadas que a obrigavam a semicerrar os olhos tal era a intensidade de
luz.
Ao longe, sobre as lajes polidas e escorregadias, lá estão
os vultos do pai e do filho que tentam a sua sorte na pesca. O pai ensina e o
filho aprende pois até parece fácil colocar o isco, fazer o lançamento, esticar
a linha, enrolar o carreto, mas, os peixes já não se deixam enganar
facilmente e o regresso a casa faz-se, quase sempre com o cesto vazio.
Não
importa se em vez de escamas trouxeram um "chibo", pois o que realmente lhes interessa e dá prazer é estar juntos,
conversar, rir, partilhar ideias e transmitir saberes.
Os mais pequenos
também possuem conhecimentos que gostam de dar a conhecer aos mais velhos.
foto e texto de Benó
5 comentários:
Chegou aqui esse cheiro de mar. :)
Um texto lindíssimo com o aroma dos limos e da maresia...
Beijo, amiga Benó.
Muito louvável essa amizade entre pai e filho...
Grande abraço Anamar!
Olá, caríssima!
Lembro--me de em criança,
levar ardes inteira
à pesca... no rio de Lagos!
Beijinho para si!
Um excelente retrato de bei-mar, perfumado e sereno, com vultos familiares ao fundo...
Muito belo, Benó!
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