Levanto as pedras da praia na baixa-mar.
Subo e desço as arribas povoadas de gaivotas que interrogo.
Os bagos de areia que tento segurar nas mãos fechadas
escorrem por entre os dedos.
Mergulho na água gelada do mar que me encanta e alimenta
numa interrogativa vã.
Cabelos ao vento aspiro a brisa marítima vinda de terras
longínquas, talvez ela traga resposta às minhas dúvidas.
Abro os braços, levanto o olhar e procuro nas nuvens que
correm, rapidamente, na pressa louca de buscar o sul, algum sinal que me
esclareça.
Consulto os livros que enchem as prateleiras, as
enciclopédias das bibliotecas, os jornais e revistas que se vendem nos
quiosques.
Procuro olhando as estrelas na noite sem luar e só vejo o
vazio. Ouço o passar das horas, dos dias e cada vez são maiores as
interrogações.
Os pensamentos confundem-se, enleiam-se e eu continuo na
procura da resposta para estes dias de terror e mal-estar em que vivemos, para
esta existência oca, vazia de sentimentos. Gostaria de saber a solução para os
problemas que envolvem esta Terra povoada de irmãos que nunca se viram mas se
odeiam, de gente que nunca sentiu o calor dum abraço, a ternura dum beijo, a
magia dum olhar, o significado da palavra AMOR.
Não é este o mundo que sonhei para os meus netos.
foto e texto de Benó
5 comentários:
Lindo te ler e concordo que o mundo que sonhamos pros nossos netos era bem diferente...Pena! bjs, chica
Nem sempre encontramos as respostas e é certo que o mundo anda cada vez mais perigoso, que o homem parece tomado por males absurdos e demónios insidiosos. Mas em certas incidências do sol sobre uma flor, ou em gostas de água que refrescam a terra, em histórias de gente que não desiste, podemos sempre encontrar ânimo para acreditar no futuro.
Um texto emocionante, minha Amiga Benó! Também não é o mundo que sonhei para os meus netos e interrogo-me consigo qual será o momento em que isto mude. O que será preciso acontecer para que mude? E fico assustada...
Uma boa semana.
Um beijo.
Precisam tanto de serem acompanhadas, as crianças deste tempo! Papel importantíssimo dos avós...
Onde foi que todos nos perdemos?...
Mas já desde o tempo de Cristo... que este mundo andava mergulhado no caos...
Dois mil anos depois... nem a fé, nem um maior conhecimento do mundo e das coisas, nos conseguiu resgatar o bom senso... Dá que pensar!
Um extraordinário texto, com o qual concordo!...
Beijinhos
Ana
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