Calmamente, as folhas
do livro iam sendo folheadas uma a uma.
De vez em quando, a leitura era
interrompida, o livro pousado sobre a mesa e, sem os óculos, o olhar espraiava-se pelo exterior. Era o
momento de pausa e meditação a que se propunha diariamente, naquele espaço com vista para o mar, enquanto tomava o seu
café.
Repentinamente, naquela manhã, tudo se modifica e de dentro
de um autocarro acabado de chegar, sai um magote de homens e mulheres de
diversas idades, todos alegres que irrompem pela esplanada na procura de mesas
disponíveis.
Mais uma vez, o sul é invadido pelos “nuestros hermanos”, só
que agora os castelos a conquistar são outros
e as armas utilizadas bastante diferentes das de antigamente em que nos
guerreávamos pela posse dum bocadinho de terra. Hoje, o alvo da conquista eram as mesas ainda disponíveis, da
cafetaria .
Sentam-se para tomar um pequeno almoço, ou melhor, dado o
avançado da hora, um “brunch” entre risos e conversas mantidas em altos
decibéis. De telemóvel na mão, selfie para aqui, selfie para ali vão comendo,
gargalhando e registando para depois recordar aqueles divertidos momentos..
Este grupo dos nossos
vizinhos espanhóis é bem disposto, não parece ser beligerante e transmite
alegria. No entanto, é barulhento demais para quem aprecia algum silêncio e,
sentado à mesa dum café, tenta ler.
Não foi demorada a refeição e, como chegaram, assim partiram
rindo e conversando em alto som.
Aconteceu um dia, nesta província do sul, numa esplanada algures à beira mar situada.
foto da net Texto de benó
7 comentários:
Lindo te ler e esses distúrbios dos nossos silêncios, quando somos invadidos nem sempre nos agrada ! bjs, lindo fds! chica
Um quadro frequente neste nosso sul. :)
São muito alegres e muito barulhentos "nuestros hermanos". Mas que bom que vêm até cá!!
Beijinhos sossegados.
Braga está cheia de "hermanos nuestros". A Semana Santa é deles. São sempre bem-vindos!
Beijinho
Lídia
A sua narrativa é tão viva que me pareceu estar consigo na esplanada a assistir a tudo...
Uma boa semana, minha Amiga.
Um beijo.
Um episódio que podia passar-se em qualquer zona da Lisboa ribeirinha, por exemplo! Estamos a ser invadidos, sim, e desta vez não é só pelos espanhóis...
Um belo texto, Benó!...
Senti-me transportada para as esplanadas de praia, no Verão, na Ericeira... onde o ambiente por vezes, mais calmo, é mesmo interrompido dessa forma animada, pela presença de grupos de turistas...
Mas no entanto... o turismo faz sempre tanto, pela economia local...
Gostei imenso do texto, Benó!
Beijinho! Não tive oportunidade de lhe desejar uma Páscoa Feliz... mas assim espero que tenha sido a sua, na companhia dos seus...
Ana
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