foto e texto de Benó
Folhas
mortas, sem vida que o vento arrancou. Soltas, esvoaçam pelo ar ou acabam
no chão onde serão pisadas, desfeitas em pó, reduzidas a nada.
Há palavras que
quando libertadas podem ser usadas em arremessos violentos nas fúrias ventosas
dos desencontros da vida ou podem vogar no ar ao sabor arrítmico das brisas
quando reina a calmaria no espaço da vivência.
Folhas
secas, palavras rudes, ambas são material de combustão fácil, capazes de
provocar chama se caírem em sítios pouco cuidados onde as atenções à sua
intrínseca manutenção foram esquecidas, no vaivém sempre igual das rotinas costumeiras.
Aí tombadas, folhas ou palavras, rapidamente criam condições para que fortes
labaredas irrompam num braseiro destruidor.
Palavras duras
como pedras, afiadas como setas, doridas e sofredoras dardejadas com precisão
para atingir o alvo escolhido, ouvidas ao acaso, entre bicas e pastéis de nata,
no burburinho dum café, pouso de gente de longe, onde as folhas não entraram
mas os verbos soaram no presente, esquecido que estava o passado sem futuro
pelos intervenientes da peleja.
2 comentários:
As folhas são varridas pelo vento... Mas há palavras pesadas e afiadas como pedras que magoam... Gostei muito do seu texto, amiga Benó.
Um beijo.
Olá, Benó.
Interessante analogia entre as folhas e as palavras.
Palavras tão brutais que dilaceram um coração, por vezes destroem uma vida.
Gostei de seu texto.
Um bjo
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