A mata tinha manchas de sol onde as borboletas rodopiavam ao
som de valsas tocadas pelo deus Pã na sua flauta mágica. Nas manchas escuras,
nas sombras dos pinheiros onde a luz não penetrava, habitavam os duendes. Eram
audíveis os sons das suas brincadeiras e as suas alegres risadas subiam pelo ar
num desejo de liberdade mas acabavam por ficar dependuradas nas árvores e só se
soltavam quando alguma pinha ou folha arrancada pelos suspiros de Éolo senhor
dos ventos, tombava no chão. Muito traquinas são os duendes.
Repentinamente, miríades de pirilampos iluminaram a mancha
escura e uma claridade intensa como só os pirilampos são capazes de
proporcionar inundou o espaço onde as figurinhas mágicas da mata habitam.
Um gamo veloz faz a sua aparição numa corrida desenfreada.
Os seus pés tinham asas e o seu peito arfava com a força própria dos grandes
vencedores cujo objectivo é sempre a vitória. Passou rápido e iluminado como um
relâmpago seguiu deixando atrás de si um raio de claridade que ofuscou a luz dos
pirilampos.
Soube-se, mais tarde, que regressou carregado de gambuzinos
para distribuir a todos que ainda acreditam em fadas.
foto e texto de Benó