Conversas
ouvidas por acaso, ao acaso, numa qualquer esplanada vendo o ocaso do dia
escolhido ao acaso, entre os muitos que, por acaso, povoam as minhas tardes.
Entre as
“imperiais”, as pevides e os tremoços estrondeavam gargalhadas, chasqueava-se e
o divertimento parecia reinar sobre as mesas redondas, numa brincadeira de
larga e pega.
O grupo era
pequeno em número mas grande na boa disposição que mostrava. Todos exibiam nos
seus corpos elegantes, aquele invejável bronzeado que o bom sol algarvio
oferece. Elas, de shorts, bem shorts, esfarripados, abaixo do umbigo ornado com
um “piercing” e eles de bermudas naqueles padrões que fazem lembrar os
indígenas do Havai. Elas ostentavam os seios resguardados em tops ousados, eles
exibiam t-shirts de marcas superconhecidas.
Os temas que
originavam a boa disposição eram diversos, ocos, vazios de interesse para mim
que os escutava enquanto bebericava o sumo de laranja da manhã.
O livro que
leio, actualmente, era um mero adorno pousado sobre a mesa, pois à minha volta
as conversas, de tão abstractas, prendiam-me e eu tentava registar expressões,
frases, os gestos de quem falava ora agressivamente, ora com doçura e suavidade
para encontrar o que eu chamo de substancia, naquelas reuniões de ocasião.
Um dos meus
passatempos, neste mês de Agosto, é deixar o Jardim d'abrolhos e sentar-me numa qualquer esplanada, ao
acaso, a observar a fauna que nos visita
ouvindo-a falar sobre temas sem tema. Recolho, sempre, matéria para
muita escrita.
foto e texto de Benó
2 comentários:
E assim vais conhecendo o próximo...que é tão distante!
Querida Benó
Uma bela reflexão!
Mas sabe de um pormenor muito importante?
Gostei de ler que ouviu o grupo de jovens a falar,mesmo sem dizerem nada de especial...
Actualmente,o mais usual é estarem juntos,mas...cada um entretido com o seu telemóvel ou IPad,sem sequer repararem que constituem um grupo.
Um beijinho
Beatriz
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