Podes dizer-me que já não há mais primaveras, que as flores murcham
sem desabrocharem, que os rios gelam antes de chegar ao mar ou que as árvores morrem
sem oferecerem abrigo às aves nos seus ninhos.
Ouvir-te-ei carinhosamente enquanto me olhas como só tu o
sabes fazer quando mentes. Como podes dizer que já não há mais primaveras?
Sim, eu sei, a neve criou morada na minha cabeça mas o meu
coração bate ao sabor das marés ora manso, calmo e sereno, ora agitado, revolto
como a tempestade.
Sinto a primavera em cada gorjeio dos pássaros que me
habitam. Os meus dedos entrelaçam os raios de sol num novelo de imensos matizes;
da terra quente germinam as sementes guardadas no seu ventre; os dias
sucedem-se às noites estreladas, enluaradas ou negras, densas, misteriosas.
Tu sabes que há flores
eclodindo da neve e, aqui, no Jardim, será sempre primavera.
3 comentários:
Querida Benó
Como é bom vir passear pelo seu jardim e encontrar, aqui, a primavera!Em cada palavra que escreve,em cada pensamento que nos deixa, em cada descrição que nos encanta...vive a primavera.
Viva a primavera,que está no seu e no meu coração!
Viva a Benó,por muitos e bons anos,para nos deleitar com textos destes.
Muitos parabéns.
Beijinho
Beatriz
Há outonos que viram primaveras!
Beijinho para si!
Mas que lufada de ar fresco, que sensação de plenitude me causou a leitura deste inspirado texto!
Sou uma tola em me afastar por tanto tempo destes espaços de cultura que são um alimento imprescindível para a alma.
OBRIGADA pelas palavras que deixou lá, no meu canto e também por estas que aqui nos ofereceu.
Um abraço forte.
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