Pés enterrados, seguros, firmes. Cabeça ereta de
longos cabelos açoitados pelas ventanias vindas do gélido norte ou do quente deserto
africano. Tudo ela suportou. O seu grosso tronco, nas cavidades próprias da vida
longa que já suporta, foi, e ainda é, pouso de sementes trazidas pelos
elementos alados que ali procuram descanso e, quiçá, alimento. Essas sementes,
graças às boas condições térmicas encontradas, germinam rapidamente e uma flora,
em diversos tons de verde, ainda adorna o corpo da árvore que já conta com um
quarto de século.
Chegou ao fim a sua vida ferida pelo maldito escaravelho trazido pelos ventos
quentes da vizinha África. Aos poucos tem perdido o seu vigor, o seu porte
altivo esmoreceu e agora agoniza numa morte lenta. Pobre palmeira, símbolo de
resistência, sinal de frescura em oásis perdidos no meio do areal, companheira
de sombra em momentos de leitura, dentro em pouco nada mais será do que um cepo
que perdurará em sua lembrança.
2 comentários:
Um texto bonito num jardim encantador
Na verdade as palmeiras sofrem por cá diversas doenças difíceis de tratar.
Querida Benó
Retoma a sua actividade com uma poética descrição dessa palmeira que deixou de o ser.
A foto é linda! Tem um belo e acolhedor jardim!
É uma pena,com tantos avanços,que ainda não se tenha descoberto nada que proteja essas árvores!!!
Um grande,grande abraço
Beatriz
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