terça-feira, 12 de abril de 2016

Gente comum

                                               Henri Matisse/net
 

São pessoas comuns, homens e mulheres com quem nos cruzamos diariamente, que conhecemos por frequentarmos os mesmos locais: o café, a pizaria, a loja, o mercado e a quem sorrimos num cumprimento casual. Cada um alberga dentro de si alegrias e tristezas, segredos, intimidades que na sua aparência, dita normal, não deixa transparecer nem no rosto nem nas conversas leves e rápidas que ocasionalmente se possam trocar.
Casamentos desfeitos, doenças incuráveis, dependência de drogas, tudo isto é camuflado com sorrisos de indiferença nos cumprimentos habituais de “Olá como está?”
Nas conversas mantidas à mesa do café cochicha-se o escândalo e uma palavra aqui, outra palavra ali em tom mais elevado é dado a conhecer a razão do burburinho. Trata-se de mais um caso já frequente na sociedade atual. Já nada nos espanta nesta nossa vivência mas não deixei de sentir um profundo calafrio ao confirmar o que me parecia dúbio e, ao mesmo tempo, pensar que o que nos parece sólido pode esboroar-se como um castelo de cartas ao leve sopro, e, como as relações humanas podem ser difíceis e fantasiosas.
Como atrás de um sorriso se podem esconder mil pesares. Como a calma dum olhar ilude a tempestade dum pensamento.

Como desconhecemos quem conhecemos.


                                                                                 

10 comentários:

alfacinha disse...

Que texto lindo .Uma descoberta conhecer este blog maravilhoso
Abraços

Elvira Carvalho disse...

Um excelente texto que nos leva a reflectir. Como dizia minha avó, cada casa é um mundo.
Um abraço

chica disse...

Que bem escrito,Benó! E realmente, ainda nos assustamos quando ouvimos coisas de quem pensávamos conhecer e então vemos desconhecer... bjs, chica

Miss Smile disse...

Nunca saberemos tudo acerca de ninguém. Por isso, não devemos julgar.
Um belo texto.

Um beijinho, Benó

Ana Freire disse...

É bem verdade, Benó!
Como é bem inconsistente, a realidade aparente... por isso, só costumo julgar, quando a natureza das pessoas se revela pelas atitudes... aí sim... estamos um pouco mais próximo da verdadeira essência das pessoas...
As aparências, iludem... como se costuma dizer...
Mais um texto fantástico, que nos induz a uma profunda reflexão!...
Beijinhos!
Ana

Justine disse...

Até os que nos são mais próximos...

manuela barroso disse...

O ser humano é um cofre e um tesouro ! Tanto nos surpreende pela segurança como
Pela riqueza que esconde .
Belo
Benó . Beijinho

Graça Pires disse...

"Como desconhecemos quem conhecemos.". Que texto tão excelente que nos apela a uma reflexão sobre os outros. Gostei muito, amiga Benó.
Um beijo.

Unknown disse...

Olá, Benó.
Tantas vezes digo isso, minha cara amiga.
O ser humano é uma incógnita. Quantas vezes vivemos com pessoas, mesmo muito próximos: até filhos! e não sabemos o que vai na sua alma. Quantas vezes até somos traídos por quem nos é mais chegado?
E quando se trata de dores, somos mestres em esconder as nossas dores dos olhares alheios, não nos apetece ser o personagem principal, quanto maior o sofrimento, maior a necessidade de o camuflar.

um bj amg

Beatriz Bragança disse...

Querida Benó
Cada pessoa com quem nos cruzamos, pode ser um Anjo ou um Diabo, perdoe-me o exagero.Ao que tenho vivido e observado, fico assustada só por pensar que algumas pessoas aparentemente inocentes, fazem um mal terrível a quem as rodeia; aliás, refiro isso(infelizmente um caso verídico), na minha última publicação.E quando há crianças pelo meio, o caso torna-se bem mais grave...
Parabéns pelo seu belo e reflexivo texto.
Bom fim de semana.
Um beijinho
Beatriz