sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A teia de aranha

                                                                                           
                                                          foto de Justine do blogue "Quarteto da Alexandria"

A aranha cria uma teia ou uma rosa
numa teia
não para outra aranha companheira
obviamente para uma mosca
mas pelo prazer de a tecer
ela ateia a delícia do seu prazer
e quase se esquece da mosca
ou de todo se esquece
pelo prazer de a tecer
como uma estrela uma rosa ou uma renda de fios
tão finos
que na sua evidência de insignificância aérea
de todo se esquece da sua mosca intencional
que de qualquer modo acaba por ser caçada e devorada
num tapete de linhas transparente
era para ela sim caçar a mosca
mas como um pretexto
para tecer a teia como um texto
que ela tecia e girava
na autónoma delícia do prazer.

poema de António Ramos Rosa, poeta algarvio

3 comentários:

Beatriz Bragança disse...

Querida Benó
Obrigada por nos ter recordado um tão belo poema! E por divulgar ao Mundo um poeta tão intessante!
Quero aproveitar para agradecer todo o carinho que me dispensou no decorrer de 2013 e que me deu força para eu continuar com o meu blog.Bem haja!
Continuação de muito Boas Festas.
Bom fim de semana.
Um 2014 repleto de realizações.
Muitos beijinhos da
Beatriz
VIDA E PENSAMENTOS

Nilson Barcelli disse...

Tecer e prazer andam muitas vezes de mãos dadas...
Magnífico poema. Gostei imenso.
Benó, minha querida amiga, espero que o teu Natal tenha sido bom.
Desejo-te um FELIZ ANO NOVO.
Beijo.

Justine disse...

Não conhecia, Benó! Muito obrigada por me mostrares este poema da ARR!