sexta-feira, 2 de março de 2012

Espelho lodoso










Nas poças de água que se encontram nos caminhos do Jardim, há lodo no fundo,   

mas as árvores vêem-se na sua superfície como se dum espelho se tratasse e 

sacodem vaidosas a  cabeleira ramosa sendo-lhes indiferente a profundidade ou  

limpidez do charco. Somente lhes interessa a imagem superficial.



Com graça natural, agitas o cabelo solto sobre os ombros e com as mãos o esticas e 

prendes num elástico formando um farto rabo-de-cavalo no alto da 

cabeça que depois movimentas com a leveza e elegância duma nailarina.

E, como uma bailarina, rodopias sobre ti própria 

sorrindo satisfeita com a imagem que te é devolvida pelo espelho de vidro cujo 

fundo é negro, opaco, escuro. 

Só interessa o que vês na superfície -  brilho, luz – e

esqueces que, tal como as poças de água que na sua quietude conseguem ser 

transparente por cima, mas têm um fundo lodoso e sujo, assim é o vidro em que te 

olhas e que te mostra uma figura luminosa mas enganosa da tua realidade.




3 comentários:

Luna disse...

tudo é ilusãotudo é aparencia
bjs

M. disse...

Vamos lá ver se consigo deixar o comentário.
Gostei desta imagem de fotografia/palavras.

Poemas Amadurecidos disse...

MINHA PREZADA BENÔ:O POEMA DE SUA AUTORIA "ESPELHO LODOSO", É MUITO EXPRESSIVO E ENIGMÁTICO PARA MIM, UM TANTO LEIGO EM ASSUNTOS POÉTICOS. EM DIZER QUE GOSTA DO NOSSO CARLOS DRUMOND DE ANDRADE, JÁ SIGNIFICA QUE O POEMA NÃO PARECE SER UMA ABSTRAÇÃO SUA, E SIM, UMA REALIDADE!ABRAÇO.LUIZ FAGGIONI