sábado, 28 de junho de 2008

O Sótão





Tinha decidido ir ao escuro sótão VASCULHAR calmamente, sem pressa nem SOBRESSALTO as RAIZES do seu passado.
A ROSACEA que iluminava aquele espaço encontrava-se coberta de teias de aranha mas umas vassouradas vigorosas deixaram, novamente, a luz entrar para aquela divisão da casa que tão poucas visitas recebia.
Pensava ir encontrar alguma coisa que o ajudasse a desvendar o enigma da LOUCURA que atormentou os últimos anos de vida de sua mãe. Era assunto tabú, lá em casa, e nenhum METODO de investigação caseira o tinha ajudado em tornar claro aquele assunto, nem as perguntas indirectas à família, nem a alusão à vida amorosa de seu pai, a morte súbita do seu irmão mais novo, nada disso tinha resultado e, assim, ia dar o “CORPO ao manifesto” e pôr-se a remexer naquelas poeirentas recordações para ver se conseguia, com algum trabalho, é certo, fazer EMERGIR daquela AGUA turva que era o passado dos seus pais toda a verdade que lhe parecia metida em LODO.
Havia quatro caixas que continham fotos a preto e branco, algumas já bastante amareladas; outras duas ainda maiores, com cartas manuscritas e presas com fitas de seda descoloridas pelo tempo e ainda estavam mais dois caixotes com vários objectos que poderiam ter decorado qualquer móvel do século passado.
Mas, o que lhe estava a chamar a atenção era aquele boneco de celulóide, pintado de branco, como a CAL, despido e só com um braço e mesmo esse cortado pelo COTOVELO. Porquê guardar um boneco mutilado, nú, e que aparentemente deveria já estar no lixo há muito tempo?

As horas passaram rapidamente e, sem se aperceber, a luz foi deixando de iluminar o sótão, o que o obrigou a regressar para junto dos seus dois Rafeiros Alentejanos que o esperavam pacientemente na velha sala de estar. Dois amigos canídeos que o pai lhe oferecera, já no fim da sua vida e, que o casal de caseiros que ainda mantinha na quinta, tratava amorosamente.
Da próxima visita talvez começasse a ler algumas cartas.



Esta foi a minha participação no 4º jogo das 12 palavras.

5 comentários:

Natural Naturalmente disse...

Minha querida.
Que lindo! Adorei!!!!
Estive afastada, mas ao voltar fui muito bem recebida.
Um optima semana
Márcia

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

muito bonito.

as fotos são tão belas também.

beij

Justine disse...

Ambiente bem recriado, e o toque de mistério que dá sabor à história.
É curioso, mas o teu texto está feito no mesmo "registo" do meu: um pouco de mistério, um pouco de "suspense". Gostei muito

Maré Viva disse...

Benó, está uma mestra a compôr textos baseados em palavras chave.
Este está excelente!
Então com problemas técnicos? em informática?
Oxalá estejam debelados.
Beijinhos de saudade.

Nilson Barcelli disse...

Já tinha lido o teu texto, que é excelente. Os sótãos são um manacial para a imaginação...

Bom fim de semana, beijinhos.